sábado, 28 de novembro de 2009

PREFEITURA DE GOIÂNIA PROIBE CATADORES DE TRABALHAR


Segue abaixo a matéria do Jornal O POPULAR sobre a retiradada que a prefeitura está fazendo dos catadores. Absurdo. Isto é um abuso!

Catador de papel é retirado da rua

Projeto da prefeitura prevê inclusão de catadores em cooperativas. Ação é alvo de críticas

Maria José Silva

Equipes da Prefeitura de Goiânia começaram a retirar das ruas e avenidas da capital os carrinhos dos catadores de papel. A apreensão teve início pelas vias principais da cidade usadas como eixos do transporte coletivo, como as Avenidas Anhanguera, Tocantins, Araguaia, 85 e T-63.

Aos poucos, afirma o coordenador da Coleta Seletiva da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), Jorge Moreira da Silva, a ação será estendida para as demais ruas, até a retirada de todos os carrinhos da capital. A Prefeitura, segundo diz, pretende dar fim à atividade, exercida em Goiânia por aproximadamente 2,5 mil pessoas.

Jorge Moreira da Silva informa que até ontem cinco carrinhos abarrotados de material reciclável, empurrados pelos próprios catadores, haviam sido apreendidos. A ação, segundo o coordenador, integra um projeto social a ser efetivado a longo prazo. Ele garante que o objetivo é a melhoria das condições de trabalho, renda, saúde e educação das pessoas que passam a maior parte do dia carregando centenas de quilos de produtos dispensados pela população.

Críticas
Mas, tão logo começou, a ação já é alvo de críticas dos próprios trabalhadores, de representantes da categoria e de estudiosos. O catador de papel Carlos Roberto de Souza, de 44 anos, que viveu na pele o drama de ter o carrinho no qual trabalhava havia 15 anos apreendido pelos fiscais, considera a operação abusiva e antidemocrática.

“Me senti como um cachorro acuado, cercado por pessoas que estavam em uma carrocinha”, compara. A ação da qual foi protagonista, conforme diz, aconteceu na manhã de quinta-feira, no momento em que conduzia o carrinho na Avenida Anhanguera, na esquina da Avenida Paranaíba, no Centro.

A equipe de servidores da Prefeitura, relata o catador de papel, o monitorou por alguns minutos, até a Rua 15, no Setor Oeste. Neste ponto da cidade ele foi abordado e teve o veículo retido. “Perguntaram se o carrinho tinha licença, me deram uma notificação da Agência Municipal de Trânsito e, em seguida, tiraram de mim o instrumento que uso para sustentar minha família”, protestou, alegando que considera o fato absurdo.

Eletricista, Carlos Roberto diz que trabalha como catador de papel porque gosta e que consegue ganhar por mês cerca de 700 reais. Ele enfatiza que pretende continuar na atividade que, por isso, vai tentar reaver o carrinho.

Inclusão
O presidente da Comurg, Wagner Siqueira, destaca que a retirada dos catadores de papel é apenas parte de um programa que, em tese, objetiva proporcionar condições de vida mais digna a esses trabalhadores. Na prática, conforme diz, esses trabalhadores serão incentivados a formar cooperativas nas quais terão a oportunidade de atuarem como separadores e não como catadores de material reciclável.

“Eles vão trabalhar em galpões e não nas ruas expostos à chuva e ao sol e em meio ao trânsito caótico”, sublinhou.

As cooperativas, conforme informou Wagner Siqueira, vão receber o incentivo de R$ 3 mil para a manutenção da sede e material reciclável coletado pelas equipes do sistema de Coleta Seletiva. Elas terão a oportunidade de separar e vender os produtos diretamente às empresas, o que garante maior lucro.

Nenhum comentário: